Diagnósticos mais rápidos podem salvar vidas e evitar amputações. É esta a mensagem da nova campanha Child Cancer Smart, lançada pela Children & Young People’s Cancer Association (CCLG), no Reino Unido, para apoiar profissionais de saúde no reconhecimento precoce dos sintomas de cancro ósseo em crianças e jovens até aos 18 anos.
A campanha surge na sequência do Childhood Cancer Diagnosis Study, coordenado pela Universidade de Nottingham (Reino Unido), que analisou o percurso de diagnóstico de quase 2 000 crianças e jovens diagnosticados com cancro entre setembro de 2020 e março de 2023. Os resultados revelaram que os tumores ósseos têm, em média, os tempos de diagnóstico mais longos: apenas 50% são diagnosticados nas primeiras 12 semanas e meia — significativamente mais tempo do que em outros tipos de cancro pediátrico.
Segundo a médica Shaarna Shanmugavadivel, especialista em medicina de urgência pediátrica e investigadora principal do estudo, “os tumores ósseos demoram, em média, dois meses e meio mais a ser diagnosticados do que o cancro do rim, que tem o tempo mais curto.” Esta demora tem impacto direto nos tratamentos e nas probabilidades de sobrevivência.
Tim Ritzmann, oncologista pediátrico e coordenador clínico da campanha, sublinha que “um diagnóstico tardio pode resultar em cirurgias mais agressivas, com maior risco de amputação. Detetar mais cedo pode salvar vidas e membros.”
Apoio direto aos profissionais e às famílias
A nova campanha disponibiliza ferramentas práticas para médicos de família e outros profissionais, incluindo linhas de orientação atualizadas para referenciação, uma ferramenta de apoio à decisão e uma lista com os sintomas mais frequentes do cancro ósseo. Todos os materiais estão acessíveis no site da CCLG.
Também foram lançados materiais informativos para o público, com foco na identificação precoce de sintomas e na importância de procurar apoio médico sempre que existam sinais persistentes — algo especialmente relevante para adolescentes, que continuam a enfrentar grandes dificuldades no acesso a diagnósticos atempados.
Ashley Ball-Gamble, diretora executiva da CCLG, destaca que “cada semana conta quando se fala de cancro ósseo. O objetivo é tornar o processo de diagnóstico o mais claro e eficaz possível.”
Histórias que ilustram a urgência
Olly Liddle, hoje com 20 anos, foi diagnosticado com osteossarcoma aos 13. Era um jovem ativo, apaixonado por desporto. “O cancro foi a última coisa em que pensei quando tive uma lesão. Mas o tumor era extremamente agressivo e se o meu médico não me tivesse enviado de imediato para fazer um raio-X, talvez já não estivesse aqui”, contou.
Apesar do diagnóstico rápido, Olly acabou por sofrer a amputação da perna, o que o afastou do sonho de se tornar jogador profissional de râguebi. A sua história sublinha a importância de encaminhamentos rápidos — e de maior conhecimento por parte dos profissionais.
Nicola Shilton, mãe de Oliver, diagnosticado com sarcoma de Ewing aos 10 anos, também acredita que o diagnóstico precoce fez a diferença: “Mesmo tendo sido detetado cedo, o tumor já tinha começado a espalhar-se. Isso aumentou o risco de recaída e limitou as opções de tratamento.”
Nicola espera que a campanha Child Cancer Smart ajude mais famílias: “Quanto mais pessoas souberem identificar os sinais de cancro pediátrico, mais crianças serão diagnosticadas a tempo e com melhores perspetivas de cura.”
Fonte: Businessmole