Um estudo recente revelou que muitos adolescentes e jovens adultos que enfrentaram um diagnóstico de cancro ósseo vivem com inseguranças em relação ao seu corpo anos depois do fim dos tratamentos. A investigação foi conduzida por Hinke van der Hoek e Leonie Tigelaar, do Princess Máxima Center (Países Baixos), e publicada na revista Journal of Cancer Survivorship.
O estudo analisou o impacto da localização do tumor e do tipo de cirurgia na perceção da imagem corporal de jovens sobreviventes de cancro ósseo, contribuindo para melhores decisões clínicas e cuidados de seguimento mais adequados.
Cancro ósseo em idade pediátrica
O cancro ósseo, como o osteossarcoma ou o sarcoma de Ewing, é mais comum entre os 10 e os 20 anos. Nos Países Baixos, cerca de 30 crianças são diagnosticadas por ano. Os tumores tendem a surgir nos ossos longos — como o fémur, a tíbia ou o úmero — ou na bacia, sendo o tratamento geralmente composto por quimioterapia e cirurgia.
Dependendo da dimensão e localização do tumor, os procedimentos cirúrgicos podem incluir amputações, rotoplastias ou cirurgias de preservação do membro, com colocação de próteses ou osso de dador. Estas intervenções podem ter um impacto visível no corpo, afetando a autoestima.
Um em cada três jovens sente-se inseguro
A equipa avaliou 132 jovens com uma média de 20 anos e oito anos de distância da cirurgia. Os participantes responderam a questionários sobre imagem corporal e saúde emocional.
Cerca de um terço relatou sentimentos frequentes de insatisfação ou insegurança em relação ao corpo. Estas dificuldades estavam associadas a sintomas de depressão, ansiedade e stress. Curiosamente, os jovens que realizaram amputações relataram, em média, uma imagem corporal mais positiva do que aqueles submetidos a cirurgias de preservação de membro. Os resultados de quem teve uma rotoplastia ficaram entre os dois grupos.
Este dado contraria a suposição comum de que amputações causam maior impacto emocional negativo, sugerindo que a perceção do corpo pode depender mais de outros fatores.
Importância do apoio psicológico e da escuta ativa
Hinke van der Hoek sublinha que “a imagem corporal após o cancro ósseo pode ser fortemente influenciada por características individuais, como a personalidade, o estilo de lidar com a adversidade e o apoio familiar”.
Assim, na escolha do tipo de cirurgia, é fundamental que os profissionais de saúde envolvam os jovens e as suas famílias em decisões partilhadas, falando abertamente sobre expectativas, medos e preferências.
Além disso, mesmo após o fim dos tratamentos, o acompanhamento psicológico deve incluir uma atenção contínua à relação dos jovens com o seu corpo, garantindo que recebem o apoio necessário para lidar com as alterações físicas e emocionais.
Fonte: Princess Máxima Center