Os pais de uma criança com cancro precisam ter um cuidado redobrado relativamente às condições de higiene pois a doença e os tratamentos realizados fazem com que o sistema imunitário (de defesa) da criança fique debilitado.
Assim, aconselha-se que a criança doente tome banho todos os dias e que lave as mãos com sabão neutro frequentemente, tendo especial atenção à limpeza dos espaços entre os dedos. É importante que as unhas estejam sempre curtas para evitar a acumulação de bactérias.
O banho é uma parte importante nos tratamentos pois, para além da higiene ser importante, é uma forma da criança relaxar e de ter um momento de conforto e não de dor.
Se a criança estiver a tomar medicação para as dores, o banho deve ser dado uma hora após a medicação para que a criança se sinta mais confortável.
Mesmo que esteja acamada, a criança deve tomar um banho parcial ou total diário.
Se o banho for total, é recomendado lavar inicialmente a cara, os braços, o tronco e as pernas e as costas apenas no fim, seguindo-se a região anal e genital. Nas situações de banho parcial é necessário lavar o rosto, as axilas, as costas, as mãos e os órgãos genitais.
A mudança da água durante o banho pode ser feita as vezes que forem necessárias garantindo que esta se mantém sempre limpa e quente.
A comichão ou prurido pode acontecer devido a uma reacção alérgica a medicamentos, ou pelo facto de a pele estar mais seca e frágil do que o habitual.
Nos casos em que a criança sente comichão, é normal que a pele estar vermelha, áspera, seca e descamada, com feridas (por se coçar) e com manchas ligeiras ou maiores.
Por isso, é importante utilizar água morna no banho, pôr óleo de banho na água e utilizar um sabonete suave, sem esfregar.
Outros cuidados de grande importância são a aplicação de cremes dermatológicos que não sejam oleosos, vestir roupas fabricadas com tecido macio, manter as unhas limpas e curtas e evitar utilizar produtos com perfume ou álcool na pele.
É preciso contactar o médico responsável caso:
- a comichão dure ao longo de vários dias;
- a criança esfolar a pele;
- a pele fique amarelada;
- as manchas piorarem após a aplicação de cremes.
A dificuldade em urinar pode também ser resultado da reacção de certos medicamentos, como por exemplo a morfina.
Nestes casos é importante que a criança possa fazer as suas necessidades num ambiente calmo e privado.
O que fazer para ajudar que a criança urine?
Pode deixar cair água, de forma suave, por cima dos genitais, abrir uma torneira e deixar correr a água, massajar suavemente a zona abaixo do umbigo, aplicar éter com uma compressa nessa mesma zona ou colocar sacos de água quente.
Nos casos em que a criança ou jovem têm vontade de urinar, mas não conseguem, e quando sente dores na zona abaixo do umbigo.
A higiene corporal é igualmente importante para evitar a infecção e manter o bom funcionamento de dispositivos que possam ser aplicados na criança, como sondas e cateteres.
Para manter a higiene do cateter, o penso deve ser feito pelo menos uma vez por semana na unidade hospitalar.
Os cateteres exteriores não devem ser molhados, pelo que o banho de imersão deve ser evitado.
Os cateteres subcutâneos (aplicados debaixo da pele) devem ser testados e limpos com uma solução anticoagulante (o termo técnico é heparinizados) pelo menos uma vez por mês.
A zona do corpo perto do cateter deve ser limpa com o máximo cuidado.
No caso da utilização de sondas no nariz ou na barriga é preciso ter atenção à sua limpeza e cuidado para não as remover.
Razões para ir a um hospital ou ao médico:
- Se o penso que está sobre o cateter sair do sítio, os cuidadores não devem tentar fazer outro em casa. O aconselhado nesses casos é que se aplique no local um penso novo transparente para cateter e que se dirijam, assim que possível, ao hospital, para que os enfermeiros possam repor o que foi removido.
- No caso de acidentes que provoquem o rompimento de um cateter, os cuidadores devem dobrá-lo, prendê-lo com um fio e dirigir-se imediatamente ao hospital.
Uma vez que os tratamentos deixam o sistema de defesa da criança mais fragilizado, devem ser evitados comportamentos que facilitem o contágio de doenças, sobretudo durante a quimioterapia.
É preciso evitar frequentar locais de grande afluência, como cinemas, igrejas, centros comerciais, transportes públicos e hipermercados.
No entanto, e para que a criança não fique isolada devido a todas estas questões, os pais ou cuidadores podem convidar os amigos desta para uma visita a sua casa. Podem também propor actividades calmas como desenhar, ler, ver filmes, jogar no computador, entre outras.
Uma criança com cancro também não pode ser medicada sem conhecimento prévio do médico que está a tratá-la. Os pais ou cuidadores não podem dar livremente qualquer tipo de medicamento à criança doente.
Durante o tratamento de quimioterapia, só por indicação médica específica é que pode ser dada alguma vacina.
Mesmo a aspirina, os anti-inflamatórios e supositórios são contra-indicados. Para a segurança da criança, todas as medicações têm de ser indicadas pelos médicos, que explicam aos pais como devem ser tomados.
A doença e os tratamentos provocam uma descida dos níveis de plaquetas no sangue (ajudam na coagulação do sangue e por isso são importantes para a cicatrização).
Por isso, como as plaquetas baixam, assim como o nível de defesa da criança, aconselha-se que não tenha a brincadeiras perigosas que provoquem quedas e feridas, pois nesta fase, o processo de cicatrização pode ser muito lento.
As crianças com cancro necessitam de alguns cuidados especiais em relação à higiene (com especial atenção aos dispositivos introduzidos no corpo), aos comportamentos que devem ter durante os tratamentos, à toma de medicamentos, ao ambiente em casa entre outros.