O projeto de pesquisa europeu PRIMAGE, liderado pelo Instituto de Investigación Sanitaria La Fe, em Espanha, e cuja reunião será realizada na próxima semana pela Universidade Politécnica de Valência, também em Espanha, aplica técnicas de Inteligência Artificial para melhorar o diagnóstico e a monitorização do cancro infantil.
O PRIMAGE, que pretende ajudar a caracterizar os tumores pediátricos de forma mais detalhada e a determinar o tratamento mais adequado para cada paciente, trabalha em dois tipos de cancro infantil que apresentam altas taxas de mortalidade e complexidade terapêutica: o neuroblastoma e o glioma pontino intrínseco difuso, também conhecido por DIPG.
Um dos investigadores envolvidos no projeto, Ignacio Blanquer, explicou que as técnicas de Inteligência Artificial e modelos computacionais em que o PRIMAGE trabalha “permitirão obter mais informações das imagens de ressonância magnética de cada paciente, sem a necessidade de fazer uma biópsia.”
“Essas técnicas vão-nos ajudar a caracterizar os tumores com mais detalhes, bem como a determinar o tratamento mais eficaz, sabendo antecipadamente a resposta que o paciente terá”, acrescentou.
O projeto, financiado pelo programa EU Horizon2020, começou no final de 2018 e terá uma duração estimada de 4 anos. dura quatro anos; a Universidade Politécnica de Valência é responsável pela infraestrutura e pelos serviços necessários para o armazenamento e processamento, eficiente e seguro, de dados médicos.
Até ao momento, o consórcio identificou as necessidades técnicas da plataforma para armazenamento e processamento de imagens, definiu as amostras de dados e obteve as aprovações dos comités de ética dos hospitais.
“Estamos no processo de implementação do repositório centralizado de dados de pacientes do neuroblastoma e pontino glioma intrínseco difuso (DIPG)”, explicou o coordenador do projeto, Luis Martí Bonmatí.
Na próxima reunião, os cientistas esperam “definir os conjuntos de dados de treino e validação a partir dos quais serão construídos os modelos preditivos de sobrevivência, resposta ao tratamento e crescimento do tumor”.
O projeto PRIMAGE é liderado pelo grupo de pesquisa biomédica em imagem (GIBI230) do Instituto de Investigación Sanitaria La Fe e nele participam 16 instituições europeias de alto prestígio, como a Sociedade Europeia de Oncologia Pediátrica, a empresa QUIBIM, e 3 outras empresas relacionadas à inovação em medicina.
De acordo com a Sociedade Espanhola de Hematologia e Oncologia Pediátrica, o termo cancro infantil designa diferentes tipos de cancro que podem aparecer em pessoas com menos de 15 anos, e é considerado uma doença rara devido à sua incidência: quinze novos casos por ano a cada 100 mil crianças menores de 14 anos.
Estima-se que meio milhão de cidadãos europeus serão sobreviventes de cancro infantil em 2020 e que dois terços desses sofrerão efeitos secundários a longo prazo que influenciarão a sua qualidade de vida. E, apesar dessas altas taxas de cura, o cancro infantil continua a ser a principal causa de morte não traumática na infância.
Os cancros que afetam as crianças são diferentes dos que afetam os adultos; os mais frequentes são leucemias, tumores cerebrais, linfomas e neuroblastomas.
O neuroblastoma é o tumor extracraniano mais comum em crianças e, embora raro, cerca de 35 mil novos casos são diagnosticados, todos os anos, na Europa. Este tipo de cancro representa entre 8 e 10% de todos os casos de cancro pediátrico e é caracterizada pela sua grande heterogeneidade biológica, clínica e de sobrevivência.
Já o glioma pontino intrínseco difuso, ou DIPG, é um tumor muito raro, cuja taxa de sobrevivência é de apenas 10%. No caso deste cancro, considera-se que não há tratamento curativo e que a radioterapia é paliativa, uma vez que a qualidade de vida do paciente é uma prioridade.
Fonte: La Vanguardia