O Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO Porto) liderou a criação da Associação Porto Innovation Cancer Organization (PICO).
Filipe Osório de Castro, Administrador da Fundação Rui Osório de Castro, esteve presente em representação da FROC como membro fundador da PICO, na sessão que decorreu, esta terça-feira, no âmbito do Dia Internacional dos Ensaios Clínicos. A cerimónia foi antecedida por uma conferência sobre “Autonomia de Gestão ao Serviço dos Doentes e da Ciência: Uma Nova Era para a Investigação Clínica em Portugal”.
A PICO foi criada com o objetivo de tornar o Norte de Portugal num polo europeu de investigação clínica, desenvolvimento de medicamentos e dispositivos médicos para o tratamento do cancro. A associação conta como membros fundadores o IPO Porto, a Câmara Municipal do Porto, a Universidade do Porto, a Fundação Ilídio Pinho, a Fundação Manuel António da Mota, a Fundação Rui Osório de Castro e o Banco Carregosa.
Este novo modelo organizacional permitirá uma gestão mais autónoma e ágil dos recursos dedicados à investigação, reforçando o compromisso do IPO Porto com a inovação terapêutica e a medicina de precisão. Em 2024, a instituição contou com mais de 500 doentes a participar em ensaios clínicos e cerca de 170 ensaios ativos.
Durante o evento, foi também sublinhado o contexto que motiva esta iniciativa: o cancro é a segunda causa de morte na Europa e a principal causa de potencial perda de anos de vida. Em Portugal, surgem cerca de 60 mil novos casos por ano, com a maioria dos doentes a ser tratada em unidades do Serviço Nacional de Saúde. Só o IPO do Porto admite anualmente mais de 10 mil novos doentes, dos quais cerca de 80 são pediátricos.
Apesar da oncologia representar 25% do investimento global em investigação e desenvolvimento a nível mundial, o ecossistema nacional ainda revela fragilidades estruturais face a outros países europeus. A falta de autonomia de gestão das instituições públicas é apontada como uma das principais barreiras à participação plena de Portugal no panorama internacional da investigação oncológica.
A criação da PICO surge, assim, como um instrumento de interface entre o IPO Porto, a academia, a indústria e os doentes, dotado dos meios necessários para fomentar projetos de investigação clínica com impacto real na gestão da doença oncológica. Em 2024, o IPO do Porto contava com mais de 500 doentes integrados em ensaios clínicos e cerca de 170 estudos ativos.
A cerimónia de assinatura da escritura pública contou com a presença de Filipe Osório de Castro, Administrador da Fundação Rui Osório de Castro, Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto; António Sousa Pereira, reitor da Universidade do Porto; Paula Alexandrina Teixeira de Pinho Sousa Quental, da Fundação Ilídio Pinho; Rui Pedroto, da Fundação Manuel António da Mota; e Maria Cândida Rocha e Silva, presidente do Conselho de Administração do Banco Carregosa.
A conferência que antecedeu a cerimónia foi organizada em colaboração com a Agência de Investigação Clínica e Inovação Biomédica (AICIB) e assumiu o formato de mesa-redonda. Contou com intervenções de Nuno Sousa (AICIB), Joaquim Cunha (Health Cluster Portugal), André Vasconcelos (APIFARMA), Susana Silva (participante em ensaio clínico) e Júlio Oliveira (IPO Porto). A sessão foi presidida por Ana Povo, secretária de Estado da Saúde, em representação do Ministério da Saúde.
Com esta nova estrutura, o IPO Porto reforça a sua visão estratégica de colocar os doentes no centro da inovação científica, promovendo mais e melhor investigação, com impacto direto no acesso a terapêuticas diferenciadoras.