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Médicos e famílias no Reino Unido alertam para atrasos no diagnóstico de cancro pediátrico

No Reino Unido, médicos e famílias estão a apelar a uma mudança urgente na formação médica e na sensibilização pública para garantir diagnósticos mais precoces de cancro pediátrico. O alerta surge após novos dados revelarem que o país está a ficar para trás na identificação atempada da doença em comparação com outros países.

O estudo internacional Benchista (International Benchmarking of Childhood Cancer Survival by Stage Project) mostra que cerca de 2 mil casos de cancro pediátrico por ano no Reino Unido continuam a ser diagnosticados tardiamente. Os dados foram reforçados por outro estudo recente — Childhood Cancer Diagnosis — que revelou que quase 70% das crianças e jovens recebem o diagnóstico em contexto de urgência hospitalar. Três em cada quatro tinham tido entre uma e três consultas antes do diagnóstico.

O estudo, conduzido pela Universidade de Nottingham e financiado pelo National Institute for Health and Care Research, organizações britânicas, recomenda uma revisão das estratégias de diagnóstico precoce por parte das autoridades de saúde.

Segundo a investigadora Sharna Shanmugavadivel, “há uma necessidade urgente de centrar esforços em jovens e tumores como os ósseos, que continuam a enfrentar longos atrasos no diagnóstico. Quanto mais cedo se diagnostica, menor é a agressividade do tratamento necessário e maiores são as hipóteses de sucesso”.

O seu colega Tim Ritzmann reforça que, perante sintomas persistentes, as crianças devem ser encaminhadas para exames hospitalares sem demora. “Embora o cancro pediátrico seja raro, afeta entre uma em cada 200 a uma em cada 250 crianças. Um diagnóstico precoce significa tratamentos menos agressivos”, afirmou. Sublinhou ainda que os pais devem sentir-se confiantes para pedir uma segunda opinião médica, algo que a maioria dos profissionais de saúde acolhe com naturalidade.

Iniciativas para mudar o panorama

Para combater o atraso no diagnóstico, a Children’s Cancer and Leukaemia Group está a lançar a campanha Child Cancer Smart, com o objetivo de sensibilizar médicos e famílias para os sinais de alerta da doença.

Ashley Ball-Gamble, diretor da organização, destaca que o cancro pediátrico não escolhe idade, contexto social ou origem. “Precisamos de perceber porque é que certos grupos, como adolescentes mais velhos ou crianças com tumores ósseos e cerebrais, demoram mais a ser diagnosticados. Com esse conhecimento, podemos melhorar os tempos de resposta e aumentar as taxas de sobrevivência”, afirmou.

Na Escócia, a vice-presidência do Royal College of General Practitioners reforça que os médicos de família têm formação para identificar sintomas suspeitos, mas que o cancro pediátrico continua a ser difícil de detetar. “Muitas vezes, os sintomas são inespecíficos e pouco frequentes. É fundamental criar condições para uma deteção mais rápida e referenciamento atempado para especialistas.”

Fonte: The Sunday Post

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