Novos dados do Sistema Europeu de Informação sobre Cancro (ECIS) revelam uma tendência crescente nos diagnósticos de cancro em crianças e adolescentes na União Europeia. Em 2022, estima-se que cerca de 13 800 jovens com idades entre 0 e 19 anos tenham sido diagnosticados com cancro nos 27 Estados-Membros da UE — o que representa 1 em cada 326 crianças e adolescentes.
Os tipos de cancro mais frequentes nas crianças até aos quatro anos são as leucemias, os tumores do sistema nervoso central e os neuroblastomas. Já nos adolescentes (dos 15 aos 19 anos), predominam os linfomas, tumores do sistema nervoso central e tumores epiteliais malignos, incluindo melanomas.
Apesar dos avanços na deteção precoce e no tratamento, o número de mortes continua elevado: em 2022, mais de 2 100 crianças e adolescentes perderam a vida devido à doença. Destes, cerca de 900 eram raparigas e 1 200 rapazes.
Porque está a aumentar o número de casos?
Embora melhorias nos métodos de diagnóstico e no registo de dados possam justificar parte do aumento, os investigadores alertam que estes fatores não explicam totalmente o crescimento observado. Alguns casos estão associados a infeções ou predisposições genéticas, mas, ao contrário do que acontece nos adultos, os fatores de risco para o cancro pediátrico continuam pouco compreendidos.
As taxas de incidência variam também consoante a idade. Nos mais pequenos, as leucemias são mais comuns, enquanto que, com o avançar da idade, os linfomas tornam-se mais prevalentes.
O que está a ser feito na Europa?
O cancro pediátrico, apesar de menos frequente do que o cancro em adultos, é uma das principais prioridades de saúde pública da União Europeia. O Plano Europeu de Luta contra o Cancro (2021) identificou esta área como crítica, promovendo ações específicas, como a criação da Rede Europeia de Sobreviventes Jovens e o financiamento de investigação dedicada através da Missão Cancro da UE.
Entre 2021 e 2024, cerca de 20% dos 490 milhões de euros da Missão Cancro foram investidos em investigação sobre o cancro pediátrico, ao longo de toda a jornada da doença.
A Rede Europeia de Referência em Oncologia Pediátrica continua também a trabalhar para garantir cuidados de saúde especializados e de elevada qualidade às crianças e adolescentes com cancro.
Por outro lado, sistemas como o European Cancer Inequalities Registry e o Espaço Europeu de Dados de Saúde têm vindo a reforçar o papel da recolha de dados padronizados, fundamentais para identificar desigualdades no diagnóstico precoce, tratamento e cuidados aos sobreviventes.
A secção atualizada sobre incidência de cancro pediátrico no ECIS disponibiliza agora dados por país, tipo de diagnóstico e tendências ao longo do tempo — informação essencial para que os decisores políticos possam responder com medidas eficazes e equitativas em toda a Europa.
Fonte: European Commission