Para a família Mallory, a imagem da esperança é uma menina de 11 anos, de cabelos encaracolados, chamada Lily.
Em 2008, com apenas 3 anos de idade, Lily foi diagnosticada com dois tipos de cancro – um carcinoma adrenal cortical e um sarcoma na perna. Anos depois, a sua mãe também foi diagnosticada com dois tipos de cancro – cancro da mama e sarcoma no braço.
“Há muita coisa que podemos fazer pelo cancro. O importante é nunca desistirmos e, nesse campo, o grande exemplo que tenho é o da minha filha, que desafiou todas as probabilidades”, disse Jennifer, a mãe de Lily, que continua a lutar contra a doença.

Lily é uma sobrevivente de cancro infantil numa família diagnosticada com síndrome de Li-Fraumeni, ou LFS, uma condição genética herdada que torna aqueles que o carregam altamente suscetíveis ao cancro; com esta síndrome rara, uma mutação no ADN desliga a capacidade natural do corpo de suprimir o crescimento do tumor.
Tumores adrenais são comummente vistos em pessoas com LFS, assim como o cancro da mama, sarcomas e cancro no cérebro. O avô, o tio e o bisavô de Lily morreram de cancro no cérebro, enquanto sua tia-avó foi diagnosticada com cancro da mama.
Hoje, com 12 anos, Lily não tem qualquer memória do seu tratamento; apenas algumas ideias, perdidas no tempo, de dar abraços a outras crianças e de dançar com as enfermeiras.
“Ninguém esperava que a minha filha ficasse curada. Foi uma vitória enorme. E é incrível como ela não se lembra de quase nada.”

“Ainda há uns tempos, ela apanhou uma gripe e começou a vomitar muito; de repente, olhou para mim e disse ‘mãe, que horror, não me lembro de vomitar tanto’. Eu ri-me e só lhe disse ‘tu só podes estar a brincar comigo’. Porque durante semanas, quando ela estava a fazer tratamentos, fartava-se de vomitar”, recorda Jennifer.
Apesar de não ter recordações da sua dolorosa experiência, Lily tem plena consciência de, por um lado, a sorte que teve, e por outro, as dificuldades que terá de ultrapassar, sendo uma sobrevivente de cancro. O seu tratamento trará, eventualmente, alguns efeitos a longo prazo, mas a jovem não deixa que isso a afete.
Para esta menina, o importante é aumentar a consciencialização sobre o cancro infantil.
E é por isso que hoje, Lily participa em ações de solidariedade para a St. Baldrick’s Foundation.
Tudo começou em 2014, quando a menina decidiu rapar os seus cabelos. Na altura, a sua mãe já tinha sido diagnosticada com cancro, e confessa que lhe fez muita impressão imaginar a sua filha novamente careca.
“Mas não a consegui demover. Ela é uma força da natureza, quando põe uma coisa na cabeça, não há ninguém que a consiga fazer mudar de ideias. A sorte é que o cabelo dela cresce como ervas daninhas”.

“Eu estava tão empolgada por fazer aquilo. Fi-lo por mim, pela minha mãe e por todas as crianças espalhadas pelo mundo que foram diagnosticadas com cancro. E foi tão bom sentir a brisa do vento enquanto as voluntárias me rapavam o cabelo. Senti-me livre”, diz a sobrevivente.
Depois de ver a sua filha, Jennifer ganhou um novo alento.
“Foi mágico ver a minha filha tão empenhada em ajudar os outros”.
Atualmente, Lily rapa o cabelo a cada 2 anos – apenas o tempo suficiente para o cabelo voltar a crescer.

Para a jovem, o cancro infantil é um problema que não recebe a atenção que merece.
“As crianças têm que ter o direito a viver. Se dependesse de mim, as crianças com cancro não teriam dores, não teriam que ficar internadas. Se dependesse de mim, elas podiam divertir-se, correr… viver a vida”, disse.
No ano passado, Lily angariou mais de 6 mil dólares (cerca de 5,4 mil euros) em homenagem a duas amigos que conheceu enquanto estava internada; infelizmente, Haley e Abriana não tiveram a mesma sorte que Lily.
Fonte: The Mighty