Nos últimos 12 anos, Jamie Elliott tem tentado angariar dinheiro para ajudar crianças e famílias afetadas pelo cancro infantil.
Mãe de 4 filhos, o mundo de Jamie ficou virado de cabeça para baixo quando, em 2005, a sua filha mais nova, Samantha, foi diagnosticada com osteossarcoma, um tipo de cancro ósseo bastante agressivo.
Cerca de 2 anos depois do diagnóstico da sua filha, Jamie começou a angariar fundos para o St. Jude Children’s Research Hospital, nos Estados Unidos, onde a sua filha recebeu tratamento.
Contudo, Jamie achou que podia fazer mais por famílias que, tal como a dela, tiveram de enfrentar um diagnóstico de cancro infantil e assim, em 2018, criou a Fight Like A Kid, uma organização sem fins lucrativos que pretende, não só, angariar fundos que sirvam para financiar pesquisas realizadas no St. Jude Children’s Research Hospital, como também ajudar crianças com cancro.
“Não acredito que a minha organização tenha um impacto enorme, mas sei que pode fazer, pelo menos, uma pequena diferença. E qualquer ajuda é bem-vinda, quando somos confrontados com o cancro infantil”, disse Jamie.
Embora Samantha tenha entrado em remissão há já vários anos, a família da sobrevivente fez, e continua a fazer questão de ajudar o St. Jude Children’s Research Hospital; segundo Jamie, é importante para ela saber que os médicos que ajudaram a sua filha estão a ser apoiados.
Mas voltando ao início da história…
Samantha foi diagnosticada com cancro em 2005 quando, após algumas queixas sobre uma dor recorrente na perna, os seus pais a levaram ao médico.
“O médico disse que nos ia encaminhar para um especialista do St. Jude Children’s Research Hospital, pois era preciso fazer uma biópsia à perna da Samantha. Eu e o meu marido achámos que iríamos ficar naquela cidade durante uma, talvez duas noites, mas acabámos por ficar mais de um ano”, recorda Jamie.
Alguns dias após Samantha ter sido sujeita a uma biópsia, Jamie recebeu uma chamada do hospital, onde lhe disseram que precisavam falar com ela. Mas a conversa não foi aquilo que Jamie esperava: Samantha tinha sido diagnosticada com osteossarcoma.
Para além disso, os médicos também descobriram que o tumor original, que tinha começado na perna, se havia metastisado para os pulmões.
“Os médicos disseram-me que eram demasiados tumores para serem contados”.
A menina deu logo início aos tratamentos, e a família mudou-se de armas e bagagens para a cidade de Memphis. Ao longo de 42 semanas, Samantha passou por 5 tipos diferentes de quimioterapia e diversas cirurgias.
“Os médicos não tinham a certeza de quais seriam os efeitos secundários a longo prazo, mas, mesmo assim, decidiram que o mais importante era salvar a vida da minha filha”.
Após 1 ano de tratamentos intensivos, apenas um tumor permaneceu nos pulmões de Samantha, que os médicos optaram por remover.
Apesar de ainda não ter sofrido qualquer recidiva, Samantha teve de aprender conviver com as complicações que surgiram por ser uma sobrevivente do cancro infantil.
À medida que foi crescendo, a sua perna cresceu de lado por causa das cirurgias realizadas e o seu pé ficou deformado. Aos 14 anos de idade, a jovem foi sujeita a uma cirurgia reconstrutiva, onde os médicos tentaram reajustar a sua perna. Embora a cirurgia tenha sido um sucesso, Samantha, agora com 22 anos, “ainda não pode correr como uma pessoa normal”.
Jamie recorda que, em 2005, a maioria dos médicos não considerava os efeitos secundários a longo prazo de crianças com cancro, até porque a maioria das crianças não sobrevivia.
Samantha faz hoje parte de um projeto que estuda os efeitos secundários a longo prazo da quimioterapia e de outros tratamentos em sobreviventes de cancro infantil.
A experiência de Jamie no St. Jude Children’s Research Hospital inspirou-a a ajudar outras famílias. Atualmente, esta mulher trabalha no recrutamento de pessoas que queiram participar em corridas e eventos de captação de recursos; desde 2007, Jamie já conseguiu angariar mais de 85 mil dólares (cerca de 80 mil euros).
E apenas há alguns meses, Jamie decidiu criar a Fight Like A Kid, para que alguns dos fundos que ela angaria possam ajudar diretamente famílias da sua comunidade que estejam a lidar com o cancro infantil; desta forma, Jamie consegue angariar dinheiro que serve, não só, para ajudar o St. Jude Children’s Research Hospital, como para ajudar pessoas que estão a experienciar o mesmo que ela passou.
“Não quero que ninguém tenha que passar pelo mesmo que eu e minha família passámos”.
“Temos de retribuir todo o bem que fizeram por nós. Nenhuma mãe merece ver o seu filho morrer por causa do cancro”, diz.
Fonte: Chillicothe Gazette