No mês passado, Emily Whitehead, de 14 anos, completou a sua primeira maratona e conseguiu angariar mais de 5 mil dólares (cerca de 4 300 mil euros) para apoiar a luta contra o cancro infantil – uma luta que esta jovem conhece bem, não fosse ela uma sobrevivente.
Embora seja difícil de saber ao ver esta adolescente a atingir a meta numa maratona de 5 km, a verdade é que Emily lutou contra uma forma agressiva de cancro, conhecida como leucemia linfoblástica aguda, quando tinha entre 5 e 7 anos de idade.

Após sessões falhadas de quimioterapia, o futuro de Emily parecia sombrio; havia apenas uma opção: um tratamento revolucionário intitulado de terapia CAR-T, que funcionava reprogramando geneticamente as células T – um tipo de células essenciais à função imunitária – para reconhecer e atacar as células cancerígenas.
Emily e os seus pais aceitaram a proposta dos médicos e, em 2012, a jovem virou manchete um pouco por todo o mundo como a primeira criança a vencer uma leucemia linfoblástica aguda graças a esse tratamento.

Desde o caso de sucesso de Emily com a terapia de células T, já foram tratadas mais de 500 crianças provenientes de 11 países.
Felizes por terem a sua filha curada, Tom e Kari Whitehead criaram a Emily Whitehead Foundation para ajudar na pesquisa de imunoterapias e tratamentos menos tóxicos para o cancro infantil.
A fundação procura aumentar a consciencialização para a doença e angariar fundos que promovam a pesquisa.

Uma das maneiras encontradas para atingir esse objetivo foi, precisamente, as maratonas, que envolvem milhares de pessoas.
“A nossa fundação está muito ligada a maratonas, principalmente à maratona Pittsburgh 5K”, explicou Emily.
“Eu queria fazer parte da equipa de corrida da Emily Whitehead Foundation, e achei que este era o evento perfeito”.
O objetivo de completar os 5 km da maratona surgiu após o conselho de uma amiga; Emily chama-lhe a sua “resolução de ano novo”, pois os preparativos começaram em janeiro.

Durante a maratona, a adolescente foi acompanhada pelos pais, que não conseguiram conter a emoção quando viram a sua filha chegar à linha da meta.
“Fiquei em lágrimas quando vi a minha filha a atravessar a meta. Há 7 anos, ela estava numa cama, ligada a um ventilador. E hoje, aconteceu este milagre”, revelou, emocionado, o seu pai.
“Apesar de ter ficado com alguns problemas respiratórios decorrentes do tratamento, e de ter sentido alguma falta de ar durante a maratona, mal vi a linha de chegada, esqueci-me de tudo. Corri o máximo que pude, e só parei quando cheguei ao fim”, disse, extasiada, a sobrevivente.
“Foi muito bom ter conseguido receber uma medalha”.
No total, a Emily Whitehead Foundation teve 25 corredores que completaram a maratona Pittsburgh 5K.

“A Emily inspira-me todos os dias. Eu e a Kari somos uns sortudos, diria mesmo uns abençoados, por termos uma filha como ela”, conta Tom.
A jovem pretende continuar a percorrer maratonas, e já começou a treinar para a próxima corrida.
“Nesta maratona, o meu objetivo era chegar ao fim. Mas agora quero melhorar os meus tempos e, quem sabe, ganhar”.
A sobrevivente não esquece o seu passado e continua a visitar crianças com cancro que, tal como ela, são obrigados a passar muito tempo num hospital.
“Quando visito crianças internadas, digo-lhes sempre para nunca desistirem. Têm de continuar a lutar e a sorrir, todos os dias, porque tudo vai ficar bem”.

Fonte: Runner’s World