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Descobertas em tumores cerebrais agressivos podem abrir caminho a novas imunoterapias

Uma equipa de investigadores do Princess Máxima Center (Países Baixos) identificou uma possível razão para a baixa eficácia da imunoterapia em crianças com gliomas de alto grau, um tipo agressivo de tumor cerebral. Segundo o novo estudo, certas células do sistema imunitário, em vez de combaterem o tumor, acabam por protegê-lo e até estimular o seu crescimento.

O trabalho foi publicado no âmbito dos grupos de investigação de Van Vuurden e Rios, e oferece novas pistas para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes.

Sistema imunitário suprimido

A imunoterapia é uma abordagem inovadora que recorre às próprias defesas do organismo para combater o cancro. Contudo, nos gliomas de alto grau pediátricos, os resultados têm sido limitados. Os investigadores analisaram tecido tumoral de 32 crianças e concluíram que o microambiente destes tumores é dominado por células mieloides — um tipo de célula imunitária que pode atuar como barreira à ação das células T, essenciais no combate ao cancro.

“Com recurso a técnicas avançadas como a imunofluorescência cíclica e a transcriptómica espacial, observámos que estas células mieloides são predominantes, enquanto as células T estão praticamente ausentes”, explicou Thijs van den Broek, um dos investigadores do estudo.

Células que protegem o tumor

Entre as células mieloides identificadas, destacou-se um subtipo marcado pelas proteínas SPP1 e GPNMB. Estas células posicionam-se junto a áreas específicas do tumor, longe das células T, e ativam genes que suprimem a resposta imunitária. Além disso, ajudam o tecido envolvente a adaptar-se ao crescimento tumoral, funcionando como uma espécie de “escudo biológico” a favor do tumor.

Próximos passos na investigação

Estes resultados abrem novas possibilidades para o tratamento dos gliomas de alto grau em idade pediátrica. “Se conseguirmos neutralizar este subtipo de células mieloides, poderemos reativar o sistema imunitário e tornar a imunoterapia mais eficaz”, afirmou Dannis van Vuurden, oncologista pediátrico e líder do grupo de investigação.

O próximo passo será explorar formas de bloquear a comunicação entre estas células protetoras e as células tumorais. Esta estratégia poderá vir a ser usada isoladamente ou como complemento às terapias já existentes.

Este avanço pode ser crucial para melhorar o prognóstico de crianças com este tipo de tumor cerebral, que atualmente enfrentam opções terapêuticas muito limitadas.

Fonte: Princess Máxima Center

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