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Duas investigações com impacto: os projectos distinguidos com Menção Honrosa no Prémio Rui Osório de Castro / Millennium bcp 2024

Todos os anos, o Prémio Rui Osório de Castro / Millennium bcp distingue não só um projeto vencedor, mas também duas menções honrosas, reconhecendo ideias promissoras que se destacam pela sua relevância, inovação e potencial impacto na vida de crianças com cancro.

Na 9.ª edição do Prémio, as investigadoras Adriana Sánchez, da Fundação Champalimaud, e Bárbara Soares Ferreira, do i3S/IPATIMUP, foram as duas cientistas distinguidas com menções honrosas. Fomos conhecê-las melhor e perceber de que forma os seus projectos podem ajudar a transformar o futuro da oncologia pediátrica.

Adriana Sánchez: um modelo para estudar e tratar meduloblastoma grupo 4

Adriana Sánchez lidera um projecto pioneiro na Fundação Champalimaud, cujo objectivo é criar os primeiros modelos de rato para o meduloblastoma grupo 4 — um dos tumores cerebrais pediátricos mais comuns e ainda pouco compreendidos.

A investigadora, que fez o doutoramento em biologia do desenvolvimento e o pós-doutoramento em biologia do cancro, decidiu unir os dois mundos e estudar os tumores pediátricos:

“Sabemos que os tumores pediátricos se originam durante o desenvolvimento embrionário. Células que deviam diferenciar-se continuam a dividir-se de forma descontrolada — é aqui que nasce o tumor.”

Com este projecto, Adriana quer colmatar a falta de modelos fiéis deste subtipo de meduloblastoma, para estudar a sua biologia e, no futuro, testar estratégias terapêuticas específicas:

“Hoje, todos os subtipos de meduloblastoma recebem o mesmo tratamento. Desenvolver terapias específicas para o grupo 4 seria uma enorme revolução para estas crianças.”

Para Adriana, o Prémio Rui Osório de Castro / Millennium bcp representa um impulso essencial:

“Esta distinção permite avançar com um projecto com potencial real de transformar o conhecimento e o tratamento deste cancro pediátrico.”

Bárbara Soares Ferreira: desvendar o papel do microambiente tumoral nos gliomas pediátricos

Bárbara Soares Ferreira iniciou o seu percurso em bioquímica e, mais tarde, aprofundou a sua dedicação à oncologia pediátrica após uma experiência pessoal marcante com um diagnóstico na família. Actualmente, desenvolve o projecto GLIO_KIDS, focado nos gliomas pediátricos de baixo grau, em colaboração entre o i3S/IPATIMUP e o Hospital for Sick Children (Toronto).

O objectivo? Compreender de que forma o microambiente tumoral (MAT) influencia a resistência terapêutica e a progressão da doença, sobretudo após tratamento com inibidores da via MAPK:

“Estes tumores têm, em geral, bom prognóstico, mas quando não são totalmente removidos, tornam-se crónicos. Precisamos de estratégias menos agressivas e mais eficazes.”

Bárbara pretende ainda validar modelos de organoides derivados de doentes — ferramentas ex-vivo que imitam a complexidade dos tumores e podem ser usadas para testar terapias de forma personalizada:

“O nosso objectivo é identificar biomarcadores preditivos de resposta e novos alvos terapêuticos para melhorar a qualidade de vida das crianças e famílias.”

Sobre a importância da distinção com uma menção honrosa, a investigadora sublinha:

“Receber este reconhecimento no início do doutoramento é uma motivação extra e um sinal de que estamos no caminho certo.”

Uma aposta clara no futuro da oncologia pediátrica

Ambos os projectos demonstram que investigar é cuidar — e que apostar na investigação em oncologia pediátrica é investir na esperança de mais e melhores respostas para as crianças com cancro.

A distinção com Menção Honrosa no Prémio Rui Osório de Castro / Millennium bcp não é apenas um reconhecimento de mérito científico — é também uma forma de dar visibilidade a áreas ainda pouco exploradas, impulsionar o desenvolvimento de novas ideias e criar ligações entre a ciência, a clínica e as pessoas.

Porque cada avanço na investigação é um passo rumo a uma vida com mais possibilidades.

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