Uma nova imunoterapia desenvolvida para cães com cancro ósseo mostrou resultados tão promissores que poderá, já em breve, ser aprovada como tratamento para crianças com osteossarcoma.
A investigação foi conduzida pela empresa biofarmacêutica OS Therapies (OST), sediada em Nova Iorque (EUA), que recorre à oncologia comparativa – uma área da ciência que estuda cancros naturalmente ocorridos em animais, como cães e gatos, para encontrar soluções mais eficazes para seres humanos. No caso do osteossarcoma, que é o cancro ósseo mais comum em crianças e adolescentes, há uma semelhança genética de 96% entre tumores humanos e caninos.
OST-HER2: um avanço promissor
O tratamento, designado OST-HER2, foi testado em cães com osteossarcoma. Os resultados, publicados em abril na revista Molecular Therapy, mostraram que o tratamento ajudou a retardar o crescimento do tumor, atrasou ou evitou a amputação e melhorou a sobrevivência. A proteína HER2, que este tratamento visa bloquear, está presente em níveis elevados em vários tipos de cancro, incluindo o osteossarcoma.
“Estes dados reforçam o nosso objetivo de aplicar esta terapia ao tratamento do osteossarcoma metastático em humanos”, afirmou Paul Romness, CEO da OS Therapies, à New Atlas.
Resultados positivos em adolescentes e jovens adultos
Em janeiro de 2025, a OST anunciou os resultados de um ensaio clínico de Fase 2b realizado em humanos com idades entre os 12 e os 39 anos, cujo osteossarcoma se tinha espalhado para os pulmões e sido removido por cirurgia. O OST-HER2 aumentou de forma significativa a sobrevivência sem eventos (EFS) aos 12 meses e melhorou a probabilidade de sobrevivência global face a dados históricos de doentes semelhantes.
Segundo Robert Petit, cientista responsável pelo desenvolvimento do tratamento, “os resultados foram estatisticamente significativos e mostram que o OST-HER2 tem potencial para se tornar uma opção terapêutica relevante para o osteossarcoma”.
Esperança para crianças com cancro ósseo
Nos EUA, o OST-HER2 já recebeu da Food and Drug Administration (FDA) a designação de doença pediátrica rara, bem como os estatutos de Fast Track e Orphan Drug, também atribuídos pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA).
A empresa planeia submeter ainda este ano um pedido de Aprovação Acelerada à FDA para o uso do tratamento em seres humanos com osteossarcoma. O objetivo é disponibilizar esta terapia inovadora até ao final de 2025.
Se for aprovado, este poderá ser um importante passo em frente no para o tratamento de um dos cancros pediátricos mais agressivos.
Fonte: ZAP