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IPO Lisboa inaugura o “Sino das Conquistas” e reforça o valor das pequenas vitórias na oncologia pediátrica

A 9 de setembro de 2025, o Serviço de Pediatria do IPO Lisboa inaugurou o seu “Sino das Conquistas”, numa cerimónia simbólica integrada no Setembro Dourado — mês de sensibilização para o cancro pediátrico. Mais do que um objeto, este sino representa um novo olhar sobre o percurso da doença oncológica em crianças e jovens.

A tradição do sino nasceu em 1996, no MD Anderson Cancer Center, nos Estados Unidos. Inspirado numa prática naval, o almirante Irve Le Moyne tocou um sino de bronze ao concluir a sua radioterapia, gesto que rapidamente se espalhou por outros centros oncológicos, tornando-se um símbolo de esperança e superação para muitos doentes.

Com o tempo, este ritual passou também a ser objeto de debate na comunidade científica. Estudos recentes revelam que, embora o toque do sino possa trazer alívio e celebração para quem conclui os tratamentos, também pode provocar sentimentos de exclusão ou sofrimento entre aqueles cujo percurso não lhes permite vivenciar esse momento. A investigação sugere que o sino, quando interpretado como símbolo exclusivo da “cura”, pode reforçar desigualdades emocionais entre os doentes.

Num artigo de 2019, por exemplo, concluiu-se que os doentes que tocaram o sino reportaram níveis mais elevados de angústia, comparativamente aos que não o fizeram. A proposta emergente de centros oncológicos internacionais tem sido a de tornar este ritual mais inclusivo, permitindo que cada doente celebre marcos pessoais — como o início de um novo ciclo de tratamento ou a superação de um desafio específico — e não apenas o fim do percurso oncológico.

Foi precisamente este princípio que inspirou a instalação do Sino das Conquistas no IPO Lisboa.

“Esta iniciativa pretende que todas as crianças e jovens que queiram celebrar uma conquista, o possam fazer connosco, que acabamos por ser a sua segunda família. Quisemos também tirar o foco do final do tratamento, colocando-o antes nas conquistas do dia a dia, por mais pequenas que possam parecer — como acabar os comprimidos, fazer o penso do cateter sem chorar, fazer a TAC sem anestesia, etc.”, explicou a Dra. Ana Lacerda, diretora do Serviço de Pediatria do IPO Lisboa.

A cerimónia contou com a presença da Presidente do Conselho de Administração do IPO Lisboa, Carla Gonçalo, que sublinhou “o lado humano que faz toda a diferença no tratamento e acompanhamento dos doentes” e “a importância de momentos de partilha”. Já Graça Freitas, Provedora do Utente do IPO Lisboa, reforçou o legado da instituição, acrescentando: “São estes pequenos gestos que ajudam a fazer a diferença no dia a dia, dando conforto e esperança a quem passa por esta grande casa.”

No Setembro Dourado deste ano, a instalação do Sino das Conquistas marca uma viragem simbólica: valorizar cada passo, reconhecer o esforço diário e garantir que nenhuma vitória — por pequena que seja — passa despercebida. Porque, na jornada oncológica, a força está também nos pequenos avanços.

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