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Nova ferramenta de IA torna a radioterapia pediátrica mais rápida e segura

Uma nova ferramenta baseada em inteligência artificial (IA), desenvolvida nos Países Baixos, permite identificar automaticamente os órgãos abdominais de crianças em imagens de tomografia computorizada (TC), acelerando o planeamento da radioterapia e reduzindo erros em centros com menos experiência.

Todos os anos, cerca de 35 crianças nos Países Baixos são diagnosticadas com tumores renais. O tratamento inclui, habitualmente, quimioterapia, cirurgia e, em alguns casos, radioterapia — essencial para eliminar células cancerígenas remanescentes, mas com o risco de afetar tecidos saudáveis próximos.

Contornos precisos em menos tempo

Desde 2015, a irradiação da zona do flanco, com volumes altamente conformados, tem sido usada no Princess Máxima Center e no UMC Utrecht (Países Baixos). Esta técnica permite ajustar a dose de radiação à deslocação dos órgãos após cirurgia, exigindo a marcação minuciosa de órgãos e estruturas próximas da área a tratar — um processo que, manualmente, consome tempo e depende da experiência da equipa clínica.

Os modelos de IA existentes para desenhar automaticamente estes contornos funcionam bem em adultos, mas falham em crianças devido às diferenças anatómicas — os órgãos infantis variam muito em tamanho e forma, e têm menos tecido adiposo em redor. Para responder a esta lacuna, foi criado um modelo de IA adaptado à anatomia pediátrica.

Um modelo treinado com dados reais de crianças

O modelo foi desenvolvido por Mianyong Ding, estudante de doutoramento no grupo Van den Heuvel-Eibrink, com orientação de investigadores do Princess Máxima Center e do UMC Utrecht. Para treinar o sistema, Ding utilizou 378 exames de TC de crianças, incluindo dados públicos e de pacientes do Princess Máxima Center.

O resultado é um modelo capaz de identificar automaticamente 17 órgãos e estruturas abdominais, como o fígado, pâncreas e baço. Em testes com especialistas internacionais em radioterapia pediátrica, os contornos gerados pela IA obtiveram pontuações elevadas quanto à sua utilidade clínica.

O estudo foi publicado na revista Radiotherapy and Oncology e o modelo está já a ser implementado no sistema clínico do UMC Utrecht, utilizado pelos doentes em tratamento no Princess Máxima Center.

Um contributo aberto para centros de todo o mundo

Ao automatizar este processo, o modelo não só poupa tempo como reduz diferenças nos resultados entre profissionais. “Esta ferramenta traz mais consistência e qualidade à radioterapia pediátrica, especialmente para centros com menos experiência”, refere Geert Janssens, oncologista de radiações envolvido no projeto.

Além disso, o modelo foi disponibilizado em formato open source, permitindo a utilização por outros hospitais em diferentes países. O próximo passo será validar a fiabilidade do modelo em colaboração com o KiTZ Heidelberg(Alemanha) e desenvolver uma nova versão específica para o contorno automático da zona do flanco em crianças com tumores de Wilms.

Este avanço tecnológico representa mais um passo para tratamentos oncológicos pediátricos mais eficazes, rápidos e com menor impacto para as crianças em tratamento.

Fonte: Princess Máxima Center

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