Um novo estudo do Children’s Hospital Los Angeles (EUA) identificou um fator até agora pouco explorado na progressão do neuroblastoma: a forma e a rigidez da matriz extracelular — a rede de proteínas que envolve e sustenta os tumores.
A investigação, publicada na revista Advanced Materials, mostra que uma matriz mais fibrosa e alinhada pode transformar células tumorais menos agressivas em células com maior capacidade de se espalhar e resistir aos tratamentos.
A estrutura que altera o comportamento das células
O neuroblastoma é o segundo tumor sólido mais comum na infância, geralmente diagnosticado entre os dois e os quatro anos. Quase metade dos casos são de alto risco e metastáticos, com uma taxa de mortalidade de cerca de 50%.
Neste estudo, a equipa liderada por JinSeok Park criou um modelo laboratorial inovador com sulcos microscópicos que replicam a estrutura real da matriz extracelular. Este modelo permitiu perceber que:
- Os tumores de alto risco têm uma matriz mais densa e organizada.
- Esta rigidez física ativa duas vias moleculares (ROCK e YAP), que alteram o tipo de célula do tumor.
- As células passam de uma forma menos agressiva (adrenérgica) para uma forma mais resistente e invasiva (mesenquimatosa).
- Bloquear a via ROCK impede esta transformação.
Implicações clínicas promissoras
Os resultados são particularmente relevantes porque existem já medicamentos aprovados pela FDA nos EUA que inibem as vias ROCK e YAP, como o verteporfina. Estes medicamentos podem ser testados como forma de travar a progressão da doença em crianças com neuroblastoma de alto risco.
“Esta descoberta abre uma nova via para investigar e tratar o neuroblastoma”, sublinha JinSeok Park, investigador no Cancer and Blood Disease Institute do CHLA. A sua equipa pretende agora aprofundar o que leva a matriz extracelular a tornar-se mais fibrosa e como isso pode ser prevenido.
O estudo foi financiado pelo Children’s Hospital Los Angeles, pela CHLA Core Pilot Program, pela Margaret Early Medical Research Trust e pelo National Cancer Institute.
Fonte: News Medical