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Sobreviventes de cancro pediátrico tiveram risco 58% mais elevado de COVID-19 grave

Apesar de apresentarem uma taxa mais baixa de infeção registada por COVID-19 e maior taxa de vacinação, os adultos que sobreviveram a um cancro pediátrico enfrentaram um risco 58% mais elevado de desenvolver COVID-19 grave, segundo um estudo de larga escala conduzido na Dinamarca e na Suécia.

A investigação analisou mais de 13 mil sobreviventes de cancro pediátrico, comparando-os com quase 59 mil indivíduos da população geral e 17 mil irmãos. Através do cruzamento de registos nacionais de saúde, o estudo avaliou hospitalizações, internamentos em cuidados intensivos e mortes associadas à COVID-19 entre janeiro de 2020 e dezembro de 2022.

Risco agravado em contexto de alta transmissão

Os resultados mostram que, embora os sobreviventes tivessem menos infeções registadas — possivelmente devido a maior precaução —, o risco de evolução grave da doença foi significativamente mais elevado, sobretudo em períodos de maior circulação viral, como durante as variantes Alfa e Ómicron. O risco agravado foi mais evidente entre sobreviventes diagnosticados com cancro após os 15 anos ou que tinham 50 anos ou mais no início da pandemia.

A diferença entre países também foi relevante: a Suécia, que seguiu uma abordagem mais permissiva face à pandemia, apresentou valores mais elevados de risco relativo do que a Dinamarca, que impôs medidas mais restritivas no início da crise sanitária.

Um grupo vulnerável que requer atenção redobrada

Estes dados reforçam a ideia de que os sobreviventes de cancro pediátrico devem ser considerados grupo de risco, mesmo muitos anos após o fim do tratamento. A exposição acumulada a tratamentos como quimioterapia e radioterapia pode fragilizar o sistema imunitário, contribuindo para uma maior suscetibilidade a doenças graves como a COVID-19.

“Apesar de as infeções registadas serem menos frequentes, o impacto da COVID-19 foi mais severo entre os sobreviventes, o que reforça a importância de medidas específicas para os proteger em futuras crises de saúde pública.”

Os autores recomendam que, em futuras pandemias ou surtos de doenças infeciosas, esta população seja considerada prioritária para vacinação, rastreio e medidas preventivas específicas. O estudo foi financiado pelas fundações Dinamarquesa e Sueca para o Cancro Pediátrico, pelo Swedish Research Council e pelo NordForsk.

Fonte: The Lancet

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