Os tratamentos recebidos e a predisposição genética são os principais responsáveis pelo desenvolvimento de novos tumores em sobreviventes de cancro pediátrico, revela um novo estudo internacional que analisou mais de 12 mil pessoas tratadas na infância.
A investigação, baseada em dados dos estudos St. Jude Lifetime Cohort (SJLIFE) e Childhood Cancer Survivor Study (CCSS), avaliou o impacto de fatores como radioterapia, quimioterapia e risco genético — medido através de polygenic risk scores — na ocorrência de novos tumores (neoplasias subsequentes) ao longo da vida.
Radioterapia e genética: os maiores contribuintes
A radioterapia foi o fator com maior peso, especialmente entre os sobreviventes com 35 ou mais anos, explicando cerca de 45% dos casos de novos tumores nesse grupo. Em pessoas com menos de 35 anos, o contributo da radioterapia foi ligeiramente inferior (40%).
A predisposição genética revelou-se também um fator importante. No caso do cancro da tiroide, por exemplo, o risco genético foi responsável por 52% dos novos diagnósticos. Já a quimioterapia teve um papel mais limitado, com impacto máximo de 35% nos casos de sarcoma.
As diferenças entre tipos de tumor também foram significativas. Nos meningiomas, 92% dos novos casos foram atribuídos à combinação entre tratamento e risco genético, enquanto nos sarcomas essa percentagem foi de 30%.
Estilo de vida com impacto reduzido
Curiosamente, fatores como obesidade, tabagismo, consumo de álcool, dieta ou sedentarismo pareceram ter um impacto mínimo no risco de desenvolver um segundo cancro após a infância.
Implicações para a vigilância
Os autores sublinham a necessidade de incorporar o histórico de tratamento e o risco genético em programas de vigilância e acompanhamento de sobreviventes. A identificação precoce de quem está mais vulnerável poderá permitir estratégias mais personalizadas de prevenção e deteção precoce.
Fonte: The Lancet