Investigadores do Princess Máxima Center for Pediatric Oncology (Países Baixos) identificaram dois biomarcadores presentes nas células tumorais de crianças com osteossarcoma, que ajudam a prever a evolução da doença. Esta descoberta pode, no futuro, tornar os tratamentos mais personalizados e orientar melhor a inclusão em ensaios clínicos, com o objetivo de aumentar a taxa de cura das crianças com prognóstico mais difícil.
O osteossarcoma é o tumor ósseo mais comum na idade pediátrica. Na maioria dos casos, o tratamento combina quimioterapia e cirurgia, mas em mais de um terço das crianças, a doença volta a aparecer, o que torna a cura mais difícil.
G2 e MYC: duas pistas genéticas com potencial clínico
O estudo, publicado na revista JCO Precision Oncology, envolveu 48 crianças tratadas entre 2018 e 2023 no Princess Máxima Center, em colaboração com o Institut Gustave Roussy (França). Os investigadores analisaram o ADN e o ARN das células tumorais, e encontraram dois biomarcadores associados a piores prognósticos: o perfil de expressão G2 e o aumento da expressão do gene MYC.
Segundo Laura Hiemcke-Jiwa, patologista no Princess Máxima Center, estes dois biomarcadores “permitem ligar o tipo de tumor ao risco de progressão da doença logo no momento do diagnóstico”. Esta informação poderá, no futuro, ajudar a definir diferentes grupos de risco e ajustar os tratamentos.
Roelof van Ewijk, oncologista pediátrico envolvido no estudo, destaca que atualmente todas as crianças com osteossarcoma recebem o mesmo protocolo de quimioterapia. Com os biomarcadores agora validados, será possível “testar abordagens mais personalizadas, seja com menos quimioterapia para casos de menor risco ou novas estratégias para os tumores mais agressivos”.
Um passo mais próximo da prática clínica
Estes dois biomarcadores já tinham sido identificados em investigações anteriores, incluindo pelo investigador francês Antonin Marchais. Com este novo estudo, os dados recolhidos em crianças permitiram validar a sua ligação a um pior prognóstico, aproximando a descoberta laboratorial da realidade clínica.
Próximos passos
Apesar dos resultados promissores, será necessário confirmar os dados numa amostra maior de crianças, em contexto internacional. Os investigadores estão agora a colaborar no consórcio europeu FOSTER para aprofundar o estudo destes biomarcadores num futuro ensaio clínico de fase III. O objetivo é perceber se estes marcadores podem, de facto, antecipar a resposta aos tratamentos e contribuir para decisões mais eficazes, com melhor qualidade de vida.
Fonte: Princess Máxima Center