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Cinco frases a evitar quando se comunica um diagnóstico grave

Ouvir que uma criança tem uma doença grave, como o cancro pediátrico, é um momento marcante e profundamente difícil para qualquer família. A forma como essa notícia é comunicada pode fazer toda a diferença — não só no modo como é recebida, mas também na relação de confiança que se constrói com a equipa médica.

Segundo Robert Den, médico especialista em radioterapia na cidade de Filadélfia (EUA), é essencial lembrar que, enquanto os profissionais lidam com vários casos por dia, para a família é, muitas vezes, a primeira vez que enfrenta um diagnóstico tão sério. Por isso, as palavras usadas importam — e, mais ainda, as que devem ser evitadas.

Num artigo publicado na revista Mayo Clinic Proceedings, intitulado “Never Words: What Not to Say to Patients With Serious Illness”, os autores alertam para frases e expressões que devem ser evitadas por causarem impacto emocional negativo. Não se trata apenas de omitir informação — trata-se de comunicar com empatia e humanidade.

Escutar primeiro, falar depois

O primeiro passo é ouvir. Compreender o que os pais ou cuidadores já sabem, o que sentem, o que esperam e quais são as suas dúvidas ajuda a estabelecer uma comunicação mais honesta, clara e respeitosa. Para Omar Khokhar, médico gastroenterologista no Illinois GastroHealth (EUA), até o local onde se senta durante a conversa importa. Ao colocar-se ao nível dos pais ou abaixo deles, dá-lhes espaço e transmite uma sensação de controlo — algo que muitas vezes sentem ter perdido.

Cinco frases que os médicos devem evitar:

  1. “Vai ficar tudo bem”
    Ainda que dita com boas intenções, esta frase pode soar condescendente. Para os pais, o que mais importa é saber que a equipa médica estará ao lado da família em cada etapa do caminho — com honestidade, clareza e acompanhamento constante.
  1. “É altura de resolver as pendências” ou “fazer a viagem da vida”
    Frases como estas podem ser interpretadas como um sinal de que não há mais esperança. É mais valioso ajudar a reorganizar prioridades, mostrar que há espaço para continuar a viver com qualidade e encontrar um equilíbrio entre o tratamento e a vida familiar.\
  1. “Sem sombra de dúvida, é cancro”
    Mesmo quando um exame sugere um diagnóstico, é importante explicar o que se sabe — e o que ainda está por confirmar. Dizer que “parece” ou “há sinais compatíveis com cancro pediátrico” é mais honesto e menos alarmante do que afirmar com certeza antes de todos os resultados estarem disponíveis.
  1. “Tem X meses de vida”
    Estimativas rígidas sobre tempo de vida criam ansiedade e raramente são precisas. Mais eficaz é explicar que a evolução da doença pode variar e que tudo será feito para oferecer o melhor acompanhamento possível.
  2. “Gostava que tivesse feito algo diferente”
    Frases que culpabilizam os pais ou a própria criança não ajudam. Apontar para o passado não muda a situação atual e só gera arrependimento e culpa. O mais importante é focar no presente e no que pode ser feito a partir daqui.

Mais do que palavras: atitudes que acolhem

Ao evitar estas expressões, os profissionais não estão a omitir informação — estão a garantir que a comunicação seja feita de forma sensível e adequada. Segundo Gail Saltz, médica psiquiatra associada ao New York Presbyterian Hospital e à Weill-Cornell School of Medicine (EUA), os pais recordam durante muitos anos o momento do diagnóstico. E o que mais marca não são apenas os factos, mas a forma como foram recebidos: o olhar nos olhos, o tom de voz calmo, a presença ao lado — e não à frente — e a certeza de que não estão sozinhos.

Comunicar bem é cuidar melhor.

Fonte: Medscape

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