Investigadores desenvolveram e validaram novos modelos de previsão que permitem estimar o risco de insuficiência ovárica precoce (IOP) — interrupção da função dos ovários antes dos 40 anos — em mulheres adultas que sobreviveram a um cancro na infância. O estudo foi publicado na revista The Lancet Oncology e baseou-se em dados de duas grandes coortes norte-americanas: o Childhood Cancer Survivor Study (CCSS) e a St. Jude Lifetime Cohort (SJLIFE).
Participaram na fase de desenvolvimento 7.891 mulheres do CCSS, das quais 922 apresentaram (IOP). Para validação externa, foram incluídas 1.349 mulheres da coorte SJLIFE, com 101 casos de (IOP) confirmados clinicamente através de testes hormonais.
O estudo avaliou diferentes modelos estatísticos e de aprendizagem automática, utilizando informações sobre os tratamentos recebidos, como doses de radioterapia na região pélvica e abdominal e exposição a agentes quimioterápicos, especialmente os alquilantes. A eficácia dos modelos foi medida pela área sob a curva ROC (AUROC), com resultados bastante positivos: variou entre 0,88 e 0,95 nos dados de validação.
Os investigadores também analisaram o impacto de um marcador genético — o “score de risco poligénico” — em 1.985 sobreviventes do CCSS. A inclusão deste marcador melhorou significativamente a capacidade preditiva do modelo em mulheres expostas a radiação e quimioterapia nos ovários.
Entre os 21 e os 40 anos, a prevalência de (IOP) aumentou de 7,9% para 18,6% no CCSS e de 7,3% para 14,9% na SJLIFE.
Os resultados demonstram que a utilização de dados sobre os tratamentos recebidos permite prever, de forma fiável, o risco de insuficiência ovárica precoce em sobreviventes de cancro pediátrico, oferecendo uma ferramenta importante para personalizar os cuidados de saúde e apoiar a preservação da fertilidade.
Fonte: The Lancet